sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Aquilo

Estava à toa, olhando para o céu, procurando estrelas inexistentes ao final da tarde.

Batia uma leve brisa naquele rochedo, a qual se tornara um maestro, conduzindo com perfeita sincronia a performance das árvores, arbustos, e pensamentos. Não era de se esperar que todo esse concerto estivesse voltado para mais um na imensa multidão, mas eu estava ali no momento certo, na hora certa.

Numa altura dessas da semana, eu já tinha perdido as esperanças, não havia muita coisa a se fazer. Foi como se uma pantera tropical estivesse por muito tempo resguardada em sua toca, e agora, ela voltara a me perturbar. Mas esse felino não era agressivo, pelo contrário, ele era extremamente educado e gentil, de uma forma controladora, porém involuntária. Aquilo agora voltara intensamente. Fugir? Não adianta, não quero.

O sol agora tomara uma cor mais alaranjada do que antes, chegando ao fim se seu caminho de casa. O cheiro de mata verde agora estava mais forte, fazendo-me ponderar diversas vezes se eu não queria permanecer ali para todo o sempre.

De repente a incerteza me tomou, questionando se fizera tudo da maneira correta, e me afundando num profundo lago de arrependimento. Eu encontrara a culpa. Foi aquilo que me fez passar pelo que passei! Aquilo chega sem bater, e te aniquila.

Mas o sol... Tão poderoso e iluminador, esse sim eu admirava. Agora ele já tinha terminado seu caminho, encontrado algum repouso.

Como num piscar de olhos, eu já estava em outro espaço, debaixo de colchas de veludo, um pouco zonzo e não mais com o tom de surpresa no rosto. O despertador do celular insistia em me tirar da cama, e assim eu o fiz. Eu tinha que seguir com minha vida, mas mesmo assim eu ainda desejava que a luz do sol me orientasse, afugentando aquilo que tanto temia, e ainda temo.

Jonathan Pedreira

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